quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Missionary Man - Day 7

Mais uma noite tranquila.
Houve um funeral ao fim da tarde, as hienas perceberam e andaram por ai. Pela manha, um bando de abutres sobre as nossas cabeças... foi assim o dia todo. Cheira-lhes a morte. Tenho que os fotografar um destes dias.

Visita matinal à enfermaria. Algumas decisões clinicas, algumas altas, um penso com anestesia numa criança mordida por uma cobra... Alguns doentes novos para operar amanha de manha.
As mulheres desta etnia, têm desde tenra idade a pele marcada com desenhos fantásticos, padrões geométricos, que tiram partido do facto da pele frequentemente fazer queloides quando arranhada. Na cara, no tórax e no abdómen tenho visto verdadeiras obras de arte. Estamos tão longe desta realidade... e ao mesmo tempo tão perto. Já temos gerador e concentrador de oxigénio, um luxo, que debita 5 litros por minuto ! Ainda não ha ventoinha... portanto opera-se pela fresca.

O dia foi calmo. Choveu torrencialmente. Quando chove assim, nem os doentes aparecem.
Chegou mais um helicóptero. Na carga, a minha segunda dose da vacina contra a raiva. Deve estar a funcionar, porque não sinto raiva nenhuma.

Deu para dormitar um pouco à tarde. Se nos abstrair-mos do ruído da chuva a bater no tecto, torna-se fácil adormecer... e sonhar.

Ao fim do dia, trocam-se experiências de outras paragens. Sou sem duvida o que tem o currículo mais curto. Yemen, Tchad, Cambodja, Mali, Paquistão... a lista é longa, demasiado longa e há tanta gente a precisar... começo a compreender melhor esta tribo dos que andam pelo mundo em enfermarias sem paredes e hospitais que funcionam com geradores. Pergunto pelas famílias, e todos são unanimes, é um trabalho, como outro qualquer, há quem passe mais tempo fora de casa, estando mais perto. O tempo passa de qualquer forma...

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