sábado, 27 de junho de 2020

Fatalidades da vida

Sinceramente, não percebo todo este alarido à cerca dos novos casos de COVID. Mas será que ninguém percebeu que achatar a curva implica estender no tempo ?

Qualquer aluno do 12° ano saberá que a área por baixo da curva (a integral da equação) que representa o número total de casos é a mesma seja a curva mais ou menos aplanada. Ao aplanar esticamos o fator tempo. Ou seja, é óbvio que vai haver novos casos por meses a fio... não vejo onde está a surpresa. E a maioria dos casos vão continuar a ser moderadamente benignos ou assintomaticos.

Basicamente, a partir do momento em que um vírus como este atinge uma população sem imunidade, há como que uma sentença em termos de percentagem da população que vai ser atingida, e isso, é indiferente das medidas tomadas. É uma questão de tempo. E o único factor que poderá alterar essa sentença, é uma vacina que obviamente não estará disponível tão cedo. Podemos chamar Karma, destino, fatalidade... vai dar tudo ao mesmo. Podemos ter a ilusão de estar a contornar a natureza, mas na verdade, o destino está traçado.

Reconheço que há como que um certo fatalismo neste processo que parece ser politicamente incorrecto de assumir, mas que em nome do esclarecimento da população já devia ter sido comunicado. A ideia nunca foi resolver isto ( leia-se erradicar o vírus) em 3 meses !!!

Todas as medidas tomadas (aplanar a curva) para evitar a propagação e proteger a capacidade do SNS têm um preço, económico e social. E quanto mais não seja estendem a pandemia no tempo até que um equilíbrio seja encontrado. Isto não é de agora. A humanidade evoluiu assim, encontrando equilíbrios com Virus, bacterias e fungos. Hoje, com as vacinas, temos a possibilidade de criar equilíbrios artificiais... mas para este, ainda não há vacina.

Independentemente da forma como os países reagiram ao primeiro impacto, na verdade o que fizeram foi aplanar mais ou menos uma curva, que mais ou menos se vai estender no tempo, na mesma razão. Portanto não pensem que aqueles Paises “mais bem sucedidos” já estão arrumados. Não estão. O número de casos vai continuar a crescer até se atingir o tal número fatal que o “vírus já trazia consigo“ quando aqui chegou independentemente de termos ou não aplanado a maldita curva. Até ao equilíbrio, isto não acaba.

Em resumo... não vale a pena continuar a bater no governo, na ministra e na DGS, na malta que vai à praia ou faz festas no quintal. Isto não é culpa deles. Acreditem ou não, até haver uma vacina, o vírus vai atingir todos aqueles para o qual “já vem programado“. É uma questão de tempo. Com ou sem máscara, com ou sem distanciamento, com mais ou menos álcool.

Até lá, protejamos os mais vulneráveis, os idosos, os Imunodeficientes, os portadores de doencas crónicas, mas deixem o alarmismo de lado. Estes em particular precisam ganhar tempo. E é isto que estamos a fazer. Ganhar tempo até que haja um tratamento ou uma vacina. Podemos atrasar a propagação, a um preço economico e social que podemos ou não estar disponíveis para pagar, mas não deixa de ser uma fatalidade, e sim, faz parte da vida. Até lá, ganhemos tempo, para os que mais precisam, mas de forma inteligente, sem colocar todos no mesmo saco.