sábado, 20 de novembro de 2021

A arte de governar contra a evidência

A ciência moderna reconhece 7 níveis de evidência científica. Os níveis de 1 a 3 são considerados os mais fiáveis. De 4 a 7 considera-se que a evidência é fraca, ou até mesmo ausente. A medicina baseada na evidência é hoje um facto indiscutível. O código deontológico dos médicos nunca me permitiria tratar um doente com uma terapêutica para a qual o nível de evidência é reduzido ou ausente. Paradoxalmente, é perfeitamente possível fazer políticas de saúde que atingem milhões de pessoas sem qualquer registo de evidência científica.

Hoje, eu pertenço a um grupo crescente de pessoas aos quais chamarei "EVIDENCIONISTAS". Os evidencionistas são pessoas de todos os credos e espectros políticos. Há cientistas, artistas, jornalistas, engenheiros, médicos, enfermeiros, comentadores políticos, académicos, empresários... Este grupo, que em grande parte vive no anonimato, reúne-se em sessões e tertúlias "clandestinas", com o objetivo de se pasmar, incrédulos e em conjunto, com as políticas de saúde pública que vão sendo tomadas ao sabor da maré. Se os tempos fossem outros, seriamos chamados de "resistência".

Os evidencionistas não são negacionistas. A epidemia existe. Os evidencionistas também não são conspiracionistas, nem acreditam que as vacinas contêm chips 5G, para controlo populacional. Os evidencionistas não são anti-vax, mas têm evidências de que o processo está cheio de atropelos às boas-práticas e que os efeitos a longo prazo são ainda desconhecidos. Os evidencionistas sabem que para já, as actuais vacinas diminuem a doença grave e a mortalidade. Os evidencionistas sabem que uma vacina que não impede a infecção nem a transmissão não deve ser administrada a um grupo populacional que não necessita, as crianças. Os evidencionistas têm evidência suficiente para demonstrar que os actuais certificados de vacinação não servem para nada, que a eficácia das máscaras ainda não está minimamente comprovada e que uma máscara que filtra os vírus da gripe mas não filtra os outros virus respiratórios ainda não foi inventada. Os evidencionistas também sabem que os confinamentos não funcionam e que alterar os horários do comércio e da restauração para controlar a disseminação é no mínimo ridículo. Os evidencionistas sabem que as actuais estratégias políticas têm um preço demasiado elevado na saúde mental da população, sabem que há mortalidade excessiva não relacionada com o vírus e sabem que morrer da doença é diferente de morrer com a doença. Os evidencionistas não são parvos... são apenas uma classe à parte, que acredita na utopia de uma política de saúde baseada na evidência.

O maior inimigo dos evidencionistas é a epidemia da desinformação. E de todos os tipos de desinformação, nenhuma é mais perigosa e insidiosa do que a desinformação patrocinada e disseminada pelo próprio estado e pela comunicação social. Dizer que hoje morreram 30 pessoas, e esquecer de referir que todas tinham mais de 80 anos e doenças associadas, é como dizer que a vida na terra vai acabar...um dia. Dar informação incompleta sem declarar o seu nível de evidência, ocultando os dados essenciais necessários para a sua total compreensão é desinformar, é induzir em erro, é manipular… é Propaganda.

Infelizmente a Propaganda não é um fenómeno novo. A história está repleta de regimes propagandistas que manipularam e manipulam a informação para induzir as massas num prolongado coma coletivo. Estudos recentes (com razoável grau de evidência) apontam que a esmagadora maioria da população se sente bem informada… mas, assustadoramente, admite que a sua principal fonte de informação são as televisões e os jornais, nada mais nada menos que os principais órgãos da propaganda.

É como viver no “Matrix”, sem se perceber que há um mundo real para lá da ilusão criada, e ao contrário do que se possa imaginar, o grande veículo da desinformação não são as redes sociais... são as televisões, os jornais e as conferências de imprensa. Convém não esquecer que um grande número de vítimas desta onda de desinformação, pertence a uma geração que nem tem acesso às redes sociais. Eu e os meus novos amigos evidencionistas somos como o Neo e a sua tripulação, escolhemos viver fora da matriz.

Por exemplo: um artigo dos últimos dias, amplamente disseminado pela máquina da propaganda, em véspera de reunião no Infarmed, alega que as máscaras reduzem o risco de infeção em 53%. Faltou dizer que o nível de evidência é 6... ou seja, não tem qualquer valor científico... mas tem valor político.

 Enquanto a comunicação social amplifica estudos não credíveis, os políticos escolhem a dedo as recomendações da OMS… aplicam-se apenas aquelas que vão a favor da narrativa oficial, as outras omitem-se, como se não fossem ciência… ou evidência. 

Até 1755 estava enraizada a crença popular de que os desastres naturais eram fruto da ira divina contra os pecadores. Poucos saberão que foi o então primeiro-ministro, Marquês de Pombal, que pela primeira vez adotou uma abordagem científica à catástrofe que assolou Lisboa, e com isto abriu as portas à ciência da sismologia moderna.

Fazem falta políticos como o Marquês porque os evidencionistas como eu vão perder esta batalha. Não se combatem mísseis com pedras. A máquina da propaganda traz consigo um arsenal formidável impossível de combater. Para lá dos tentáculos da censura, da manipulação da informação, da rotulagem negativa e da descredibilização das vozes evidencionistas, há já um incansável exército zombie convertido que se encarrega da restante caça ás bruxas. 

Enquanto perdemos e não perdemos, recomendo vivamente que leiam os artigos do  https://theblindspot.pt/ 

Para os que não estão familiarizados com a análise dos níveis de evidência dos artigos científicos, eles fazem o trabalho por vocês. Para quem tem dificuldade em distinguir o trigo do joio, este site é uma das poucas fontes de informação credíveis, que se dedica à análise dos dados e da evidência, colocando cada coisa no seu lugar. Não custa nada fazer um esforço para sair do coma porque de qualquer forma só daqui a muitos anos haverá tribunais. Nessa altura dirão que estavam a seguir ordens, que as intenções eram as melhores, que os vizinhos fizeram o mesmo, que a evidência parecia suficiente... a história repetir-se-á.