terça-feira, 13 de agosto de 2013

Missionary Man - Day 1

5366 kms depois, eis que aterramos em Addis Ababa. Tirando a dor no pescoço pela posição viciosa, e as pernas hiper inchadas, o avião é de facto um espanto... e muito silencioso. Continua a espantar-me a precisão destes aparelhos. A duração prevista do voo era de 6h e 6min, fizemos 6h e 7min.

Chuva em Addis Ababa, e um terminal de aeroporto digo de um filme. Mantenho a minha opinião que os aeroportos dizem muito sobre os países, e este não era excepção. As lâmpadas fluorescentes sem balaustres, um bar / cozinha aberta onde as duas opções de bebida são, Coca-Cola em garrafa de vidro com carica oxidada ou água... E quanto ao preço, depende do que temos... Se for dólares é um dólar, se for euros, é um euro !

Assim que pude tomei posse de uma cadeira que dava para esticar as pernas. Eram poucas e como tal a esta não mais a larguei. Foram 5 horas dolorosas. Ia passando pelas brasas no meio da multidão, treino adquirido nas urgências, mas de vez em quando acordava com uma corrente de ar que me fez lembrar que não tinha posto nenhum polar na mochila. A este respeito devo dizer que a experiência levou-me a assumir que iria perder a bagagem do porão, porque sim, ouve tempos em que isso era uma constante, e como tal preparei a mochila para 5 dias de autonomia de roupa, comida e higiene pessoal... 

Voo para Juba, num bimotor Q400. Pelo caminho conversa com um americano que anda cá e lá...
Nada me preparou para o choque de Juba. Saída do avião, e sigo aqueles que parecem saber para onde se dirigem. Era uma barracão (não em sentido figurado) onde estava uma centena de pessoas, acotovelando-se para pagar o visto, controle de passaporte e recolher as bagagens que eram lançadas por uma janela para uma pilha enorme no meio da sala... Indiscritivelmente África profunda.

Optei por não ligar à bagagem (não iria chegar de qualquer maneira) e fui para a fila do passaporte, quando finalmente chegou a minha vez... Estava na fila errada, era preciso primeiro pagar. Fui para a fila dos pagamentos. Conheci uma alemã e um brasileiro que trabalham para os MSF, e aparentemente vamos estar juntos algures no mato... chega a minha hora de pagar e as minhas notas de 50 dólares, tinham uma pequena mancha em um dos cantos motivo pelo qual não eram aceites... Inacreditável... lá me safou o brasileiro que trocou-me o dinheiro por uma nota aceitável.

Escusado será dizer, que quando isto terminou cerca de 1 hora depois, eu era o único passageiro do terminal... E olhando para trás, vejo a minha mala ali sozinha, à minha espera. Moral da história, aqui é tudo com calma... Muita calma.

Cá fora, já o motorista me esperava para levar-me à delegação. 5 briefings e uma vacina contra a raiva depois, eis-me no Rainbow Hotel, a jantar e pernoitar num quarto com mosquiteiro antes de amanha seguir cedo de avioneta para Bor...sim... porque é a época das chuvas e as estradas estão intransitáveis e não ha nenhum cirurgiao na cidade desde há 4 dias.
Os meus companheiros dos próximos dias são das tribos Dinka, Nuer e Murle... Que se guerreiam por causa do gado...Daqui a 8 dias, helicóptero para Dorein, no meio da selva, onde as preocupações de acordo com o briefing são os leões as hienas e as formigas... Enfim...




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