sábado, 17 de agosto de 2013

Missionary Man - Day 5

A noite no acampamento foi complicada...
Nada de leões ou hienas, mas por volta das 3 da manha uma dos elementos dos MSF acordou coberto de formigas... e na verdade elas estavam por todo o lado, aparentemente excepto na minha tenda. Acho que o acampamento está montado sob um daqueles enormes ninhos de formigas, e à medida que as estacas foram sendo cravadas no chão elas começaram a emergir.

Fez-se o que se pode para controlar a situação, mas isto é literalmente a selva e como tal esta é uma guerra perdida à partida. De resto, tenho atrás da tenda um qualquer bicho que faz um bip, bip, bip irritante... parece um dispositivo electrónico...mas quando somos vencidos pelo sono, nem o bip, bip incomoda.

Experimentei o duche pela manhã. Basicamente coloca-se um jerrycan de 5 litros sobre uma plataforma, abre-se a torneira, molha-se o corpo, fecha torneira, ensaboar, abre torneira, tira-se o sabão... Há coisas piores, e está tanto calor que a água sabe deliciosamente bem.

Ontem à noite recebemos um doente novo. Uma queda de uma árvore... aparentemente uma das poucas árvores num raio de um quilómetro. Suspeito de uma pequena fractura vertebral, mas fiquei intrigado, pela razão de ser da queda. Então é mais ou menos assim. Estamos a mais de 100 quilómetros da cidade mais próxima, e sem rede de telémovel, pelo menos pensava eu. Aparentemente no alto da árvore que segundo eles tem lá um pau, e que por sinal vê-se, dizia eu que no alto da árvore há rede de telemóvel, e então, para falar com o chefe da tribo, sobem à arvore para ligar. É uma espécie de jungle phone.

O dia foi tranquilo. Estive a suturar a rede mosquiteira da colega que foi formigada durante a noite, para ver se não entram mais formigas. Almoço, ração de combate norueguesa (comida indiana).

O helicóptero do WFP trouxe material que estávamos a aguardar. Sabe sempre bem ver o helicóptero a chegar... ajuda a quebrar a sensação de isolamento.

Choveu torrencialmente uma boa parte do dia. Está tudo enlameado. As condições são duras. Não deu para acabar o projecto do frigorifico, talvez amanhã.

Passámos visita à enfermaria, alguns casos complicados. Estou a aguardar novo helicóptero na segunda com material para poder fazer alguns enxertos de pele e outros procedimentos menos habituais. A equipa tem uma boa moral, não vale a pena refilar, ninguém veio obrigado, ninguém disse que ia ser fácil.

Hoje o principal problema foi mesmo a gestão da energia, porque com chuva o painel solar não carrega a bateria que por sua vez não carrega os equipamentos, ainda assim deu para ver a família :) e é bom saber que estão todos bem.

A noite já caiu. Jantar "pasta" tipo bolonhesa sem carne... é como se estivéssemos a jantar em Roma :) Os mosquitos andam por todo o lado. Voltei à antiga rotina do repelente... Confesso que já tinha saudades do cheiro do repelente... mas estou a desconfiar que estes mosquitos não percebem que isto é repelente... Enfim, amanhã veremos o que nos trás o novo dia !

 




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