sábado, 14 de setembro de 2013

Mercenary Man - Day 0

A vida dá muitas voltas, mas não é todos os dias que temos a oportunidade de saltar do mais jovem país africano, para o mais jovem país europeu, no espaço de poucas horas.
O Kosovo, à semelhança do Sudão do Sul, é um daqueles países imaginários que, para a maioria dos portugueses, só existe na televisão e habitualmente não pelas melhores razões.

A primeira coisa que me ocorre dizer depois de aterrar em Prístina, capital do Kosovo, é que Prístina fica na Europa, o que não faz dela automaticamente uma capital europeia no sentido "glamoroso" do termo... mas arrisco a dizer que para lá caminha.

Talvez porque o país é "newborn" tem direito a babysitting por parte da Comunidade Europeia e Nações Unidas. A missão da Comissão Europeia chama-se EULEX, e a da ONU, KFOR. A KFOR conta já desde há bastante tempo com tropas portuguesas que espero ter oportunidade de visitar.

O meu hospital é basicamente um centro de trauma nível 2,montado pela EULEX para servir de suporte a todos os expatriados de todas as forças e missões no terreno. É um hospital em contentores, que não parecem contentores uma vez lá dentro... e é provavelmente um dos mais bem equipados que vi até hoje. De vez em quando também sabe bem trabalhar com o topo de gama !

É minha convicção que a melhor forma de se conhecer uma cidade e perder-se nela. Com esta ideia em mente e depois de avaliar as questões da segurança, entendi que estavam reunidas as condições para tentar perder-me. Segui pela Bill Clinton Boullevard, virei algures à esquerda e dai para frente segui os transeuntes. A esmagadora maioria são Albaneses, uma muito pequena minoria é Sérvia, mas à primeira vista, bem podiam ser Portugueses porque os traços, pelo menos dos homens, são muito parecidos com os nossos. Isto digo eu... que devo ser um típico "mediterranean men", uma vez que aqui falam comigo em Albanês e no Egipto falam comigo em Árabe e em Israel em Hebraico...

Sempre que entendi estar razoavelmente perdido, um qualquer chip que me devem ter implantado à nascença, lá me dava a minha posição relativa e estava outra vez orientado. Acho que tenho cada vez mais dificuldade em perder-me de propósito... Provavelmente porque direita, esquerda, esquerda, quer dizer que segui em frente, esquerda, direita, quer dizer que andei na diagonal, e direita, direita, direita, quer dizer que andei para trás...

Neste processo, encontrei a praça principal, o teatro nacional, crianças a brincar nas fontes, casais a namorar, reformados a ver passar a procissão... Encontrei também a Zara, a Bershka, e a Benneton... Estranhamente nada de McDonalds ou PizzaHut mas devem estar ai a rebentar.

As ruas estão esfaltadas, os passeios um pouco menos cuidados, o parque automóvel é semelhante ao português, talvez com um pouco menos de Mercedes, BMWs e Audis, existe comércio, muito comércio, e muitos modernos cafés, muitos restaurantes e muitas esplanadas, aliás, imensas esplanadas. A (re)construçao está em alta por todo o lado, e alguns espaços públicos começam a ter a sua piada...

Para já, uma conclusão. Prístina fica na Europa !


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